__________________________________________________________________________________  CHAPADA DIAMANTINA

A Chapada Diamantina, encravada na região central da Bahia, serra do Sincorá, era refúgio para os exploradores de diamantes, sendo que as suas vilas, por anos, foram sinônimo de riqueza. Hoje, todavia, os únicos tesouros encontrados são as belezas naturais com roteiros ideais para quem curte ecoturismo e aventura.

A sua vasta área que abrange vários municípios (Lençóis, Mucugê, Palmeiras, Igatú, Andaraí, Rio de Contas, Iraquara e Nova Redenção), sendo composta de serras, planícies, vales e rica vegetação (mata, caatinga e cerrado). Os gigantescos paredões rochosos, desfiladeiros, cânions, grutas, cavernas, rios, lagos de águas cristalinas e cachoeiras completam o cenário de beleza que compõe a Chapada Diamantina.

*PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DIAMANTINA

O Parque Nacional foi criado em 1985, ocupando uma área de 1.520 Km² da Serra do Sincorá e arredores, nele abrangendo os municípios de Lençóis, Palmeiras, Andaraí e Mucugê. Na década de 20, com a escassez do diamante, a região entrou em decadência, período a partir do qual surgiu o turismo ecológico como atividade econômica predominante da região. Assim, o referido parque consiste num grande polo de lazer até os dias atuais.

  

*QUANDO FOMOS – ABRIL DE 2014

A melhor época para visitar a Chapada Diamantina são os meses de abril a outubro, pois nesse período quase não chove. Logo, entre os meses de novembro e março as trilhas são mais difíceis e perigosas, posto que nesse período as chuvas se intensificam na região.

*CIDADE ONDE FICAMOS – LENÇÓIS

Lençóis, o portal de entrada para a chapada, é uma cidade tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional. Ela é a mais procurada pelos turistas que vão à busca dos atrativos da região, pois possui boa infraestrutura de hotéis, pousadas e restaurantes, e, ademais, a sua boa posição geográfica facilita os deslocamentos para os roteiros e atrativos da chapada.

  

A cidade à noite fica ainda mais aconchegante e movimentada em virtude da iluminação dos seus casarões do século XIX, bem como das estreitas ruas de pedras que completam a beleza do lugar.

Dizem que o seu nome deriva dos lajedos por onde os rios descem serra abaixo, os quais forma uma espuma branca com a aparência de um lençol bordado, conforme visão obtida pelas pessoas que chegavam por cima da Serra do Sincorá.

*ONDE NOS HOSPEDAMOS – POUSADA DO PARQUE

A Pousada do Parque está localizada a 1,5 Km da cidade de Lençóis, local cercado de muito verde e tranquilidade, bom para o descanso e recomendável para quem passa o dia fazendo roteiros e trilhas. Ela, apesar de simples, oferece bom café da manhã, estacionamento, instalações de estilo rústico, necessitando de manutenção nos banheiros e nas áreas externas.

POUSADA DO PARQUE – BA 850 – nº 500 – Lençóis – Ba.

*O QUE FIZEMOS

1º DIA

O primeiro dia foi dedicado à viagem até Lençóis. Saímos de Aracaju às 07 horas da manhã e lá chegamos por volta das 15 horas, depois de termos percorrido uma distância de 612 Km. Hospedamo-nos e, logo em seguida, procuramos na recepção da pousada o serviço de um guia. Foi-nos indicado o Sr. Tiago Sá, que, depois de mantermos contato veio ao nosso encontro e nos apresentou as atrações da chapada. Como a nossa estada em Lençóis era curta (apenas 5 dias), ele sugeriu os roteiros descritos abaixo. Fazer qualquer roteiro na chapada não é fácil, razão pela qual é imprescindível a presença de um guia para a segurança dos turistas. Posto isso, faço aqui, em nome grupo, merecidos elogios ao Tiago, cidadão bem-humorado, competente, discreto, ágil, pontual, conhecedor de toda Chapada Diamantina e muito cuidadoso com todos os membros do grupo. Tiago, gostamos muito da sua companhia. Ah! Um bom fotógrafo também, fizemos esses clicks quando visitamos o Morro do Pai Inácio.

GUIA PERSONALIZADO: TIAGO SÁ - (75) 3334-1215 / (75) 9833-6326 - e-mail: tiagotour@hotmail.com

A noite, também por indicação do nosso atencioso guia, fomos jantar no restaurante Grizante, o qual oferece uma comida saborosa, bem servida e por um bom preço.

Restaurante Grizante – Av. Ruy Barbosa, 04 – Centro – Lençóis.

2º DIA

*MUCUGEZINHO E CACHOEIRA DO DIABO

Após o café da manhã, iniciamos nossa maratona pela Chapada Diamantina para conhecermos dois atrativos localizados às margens da BR 242, distante cerca de 22 Km de lençóis, no sentido de Seabra. Paramos num ponto de apoio, seguindo a partir deste, durante 5 minutos, por uma trilha que nos levou ao Rio Mucugezinho, cuja corredeira forte entre rochas forma vários poços. Seguindo por mais 20 minutos de trilha margeando o rio chegamos à cachoeira e Poço do Diabo, de águas escuras e profundo.     

 

Apesar de muito bonito, o banho na cachoeira e no poço, somente é recomendável para quem sabe nadar ou, então usar coletes salva-vidas. Há ainda a tirolesa e o rapel para os amantes de boas aventuras. Para chegar ao referido local lembramos mais uma vez que é necessária a presença de um guia da região. Cuidado! A descida até o poço é íngreme e com muita pedra. Por volta das 11:15h, depois da visita ao Poço do Diabo, partimos para a Gruta da Lapa Doce.

*FAZENDA E GRUTA DA LAPA DOCE

Depois de percorremos mais 30 km de rodovia e mais 12 km em estrada de terra, chegamos ao tão esperando destino: A Gruta da Lapa Doce, que fica localizada no município de Iraquara, a Gruta é formada por rochas calcárias, ampla, arejada e quase toda plana. Considerada a terceira maior Gruta do Brasil, possui 20 km mapeados, sendo apenas 850 metros abertos à visitação.

  

A sua grandiosidade é surpreendente, possuindo 72 metros de altura e tendo o seu maior salão 60 metros de largura. Para a visitação paga-se uma taxa de R$ 10,00 por pessoa, com fornecimento de lanterna individual, sendo permitidas 12 pessoas, no máximo, por guia da própria fazenda. 

Gruta da Lapa Doce - Entrada

O acesso à gruta é por trilha, razão pela qual se requer bastante cuidado. Ao adentrar nela logo se percebe a sua beleza, repleta de formações rochosas, estalactites e estalagmites.

Interior da Gruta    

Durante o percurso, o guia faz uma parada e solicita que todos apaguem suas lanternas e não façam barulho. Então, a partir desse instante, é escuridão e silêncio, onde ninguém não vê e não escuta absolutamente nada, sensações que nos levam ao mundo dos deficientes visuais e auditivos. Impressionante a experiência! 

Interior da Gruta

Depois da travessia, que durou cerca de 90 minutos, almoçamos no restaurante da sede da fazenda, de venda a quilo, o qual serve uma saborosa comida feita em fogão à lenha. Atenção! Não aceita cartão de crédito.

Gruta da Lapa Doce - Saída

*FAZENDA PRATINHA E GRUTA AZUL

Vindo da Lapa Doce, chegamos à Fazenda Pratinha, às 16 horas, depois de percorrermos 20 km por estrada vicinal. O principal atrativo da fazenda é a Gruta Azul, de água transparente e azulada, cujo lago que tem ligação com o Rio Pratinha fica escondido sob rochas e raízes aéreas de uma árvore. A fazenda possui boa estrutura de restaurante, loja de souvenir, aluguel de caiaque e equipamentos de flutuação. Para chegar até a gruta existe uma pequena descida, porém, para evitar o pisoteio e a destruição dos micros búzios e das minúsculas conchinhas que forram o leito do lago, o banho nela (na gruta) não é permitido.

Apenas é permitido fazer a flutuação em grupo máximo de 12 pessoas e desde que acompanhadas por dois guias da Fazenda. Neste caso, paga-se uma taxa de R$ 20,00 por pessoa e recebe um colete salva-vidas, pés de pato, lanterna aquática, máscara e snorkel. 

Todos equipados basta seguir os guias, um na frente e outro atrás do grupo, mostrando o caminho pelo túnel escuro de formações rochosas que são vistos com o auxílio das lanternas. Embora pareça uma eternidade, a flutuação tem um percurso aproximado de 180 metros de ida e volta. 

Confesso que no início da flutuação fiquei com vontade de retornar, porém segui todo percurso na companhia do guia e do meu filho. Assim, o melhor da flutuação foi quando avistei a saída da gruta, já com luz natural. Parabéns aos corajosos!  

Depois da flutuação fomos tomar banho nas águas rasas, azuis e cristalinas do rio pratinha. Alguns desceram até a prainha por tirolesa, que custa R$ 10. Os demais seguiram por trilha bem tranquila. Ao chegarmos lá, relaxamos.

A noite fomos para a Pizzaria Bodega, na Rua das Pedras, onde há uma grande variedade de pizza, todas saborosas e de ótima qualidade. 

3º DIA

*CACHOEIRA DO MOSQUITO

Depois do café da manhã, às 9 horas, partimos rumo à Cachoeira do Mosquito, distante 60 km de Lençóis, sendo 20 km em estrada de terra. É preciso comprar ingressos ao passar pela sede da fazenda Santo Antônio, cujo custo R$ 15,00 por pessoa. É possível chega de carro até o mirante da cachoeira, embora exista uma trilha de dois quilômetros de caminhada que termina com um barranco íngreme. No rio possui vários poços entre as pedras, os quais emoldurados por paredões e mata nativa, formando, assim, um cenário espetacular.

O lugar é bem isolado, e lá não existe nada, razão pela qual é necessário levar água e lanche. Nesse dia nosso eficiente guia encomendou kit lanche para todos e, após o banho de cachoeira, fizemos um piquenique. Valeu o esforço, pois o lugar é encantador e relaxante com o som das águas. 

Seu nome faz alusão aos pequenos diamantes que eram encontrados no local. No início da tarde seguimos para o Complexo Arqueológico Serras das Paridas.

*COMPLEXO ARQUEOLÓGICO SERRAS DAS PARIDAS

Vindo da Cachoeira do Mosquito, depois de rodar cerca de 20 km, chagamos à Serras das Paridas, local que possui um sítio arqueológico com pinturas rupestres estimadas entre 8 a 12 mil anos.

O lugar foi descoberto por moradores da região (catadores de mangabas) em 2007, ocasião em que aconteceu um incêndio na vegetação próxima as pedras e deixou as pinturas expostas. 

  

Percorrer os paredões é fazer uma viagem a época daqueles seres que aqui viveram e expressaram suas artes, desejos e sentimentos através de pinturas que lembram animais, peixes, pássaros, mulheres em posição de parto de cócoras, (dai o nome Serras das Paridas).

 

Outra figura interessante é a que lembra a clássica imagem de um extraterrestre com pescoço longo, cabeça grande, olhos abertos e apenas três dedos nas mãos. Fiquei fascinado pelo local, pois até hoje só tinta visto esse tipo pintura em livros. 

Atração recomendada para todas as idades com acesso considerado leve. Chega-se de carro até o local. No final da tarde retornamos a Lençóis. Á noite fomos jantar no Restaurante Doce Vida, Rua da Baderna, o qual oferece variados pratos individuais, bem servidos, bastantes saborosos e por um bom preço.   

4º DIA

*RIBEIRÃO DO MEIO

Saímos da pousada às 9 horas com destino ao Ribeirão do Meio, distante a 3,5 km de Lençóis, com fácil acesso para quem está na cidade. Chega-se até lá por trilha, com grande parte do percurso plano e sombreado. O Ribeiro do Meio está localizado no leito do Rio Ribeirão, e compreende um tobogã natural que termina num poço. 

 

A grande atração do local é descer sentado na correnteza sobre as pedras lisas e polidas até mergulhar no poço. 

  

Às 13:20h retornamos à cidade e fomos almoçar no Restaurante "O Bode", localizado numa ruela ao lado da Praça Horácio de Matos, onde encontramos uma comida regional servida a quilo. Após o almoço, retornamos à pousada e, logo depois, seguimos para apreciar o pôr do sol no Morro do Pai Inácio.

*MORRO DO PAI INÁCIO

Às 15 horas saímos da pousada rumo ao maior monumento da Chapada Diamantina, que o Morro do Pai Inácio, localizado no município de Palmeiras, à margem da BR 242, distante aproximadamente 30 km de Lençóis. O acesso até a estação de controle do Parque Municipal Morro do Pai Inácio é de carro, local onde adquirimos ingresso ao custo de R$ 5,00 por pessoa e, a partir de então, seguimos por 30 minutos em trilha curta, porém, íngreme até o topo.     

  

Trata-se de uma subida com muita pedra irregular, considerada perigosa, razão pela qual se requer muito cuidado. Superada essa trilha, ficamos a 1.150m acima do nível do mar, diante da Serra do Sincorá, Serra da Bacia e da Serra da Chapadinha.         

A vista de 360 gruas é deslumbrante, tornando-se ainda mais encantadora quando o sol resolve partir no horizonte e colorir as nuvens e morros. 

O nome do morro deve-se a uma lenda existente na região. Segundo ela, um escravo, Inácio, apaixonou-se pela esposa de um poderoso coronel. Este, ao descobrir o romance, mandou pistoleiros no seu encalço. Inácio foi encurralado no alto dessa montanha e, não tendo meios de escapar, saltou com a sombrinha da amada.

  

Após o espetacular pôr do sol nos posicionamos para a descida, momento em que já havia muitas pessoas e a fila cresceu rapidamente. Já era noite quando começamos a escalada de volta com o auxílio de Tiago e outros guias. 

Todos desceram lentamente com segurança através da iluminação proporcionada pelas luzes das lanternas, razão pela qual denominei a referida descida de trilha iluminada. Já na pousada, às 21 horas, degustamos pizzas fornecidas pela Pizzaria Bodega e acompanhadas de vinho.

5º DIA - POÇO AZUL

Logo cedo saímos com destino ao Poço Azul, localizado dentro de uma propriedade particular no município de Nova Redenção, distante 80 km de Lençóis, sentido Mucugê, sendo que 8 km é de estrada de terra. Chega-se de carro até o local, restando apenas uma descida por 70 m até a Gruta. A fazenda recebe muitos turistas e oferece boa estrutura para os visitantes: estacionamento, duchas, restaurante e recebimento de cartão de crédito. 

  

Para fazer a flutuação no Poço Azul se paga uma taxa de R$ 15,00 por pessoa, sendo fornecido no momento da descida para a gruta coletes salva-vidas, máscara e snorkel.

    

Nossa flutuação estava prevista para depois do meio dia, e, antes disso, almoçamos uma comida caseira no Restaurante de Dona Alice. Depois do almoço, chegamos ao Poço Azul, que é uma caverna inundada. O lugar impressiona, onde é possível ver nitidamente o paredão rochoso que adentra nas águas cristalinas e azuladas. 

  

A profundidade chega a 16 metros e é permitido flutuar em alguns trechos. Aconselhamos ir ao referido lugar no início da tarde, entre 12:30h e as 14h, horário em que a incidência do sol deixa as águas ainda mais azuis.

Pena que nossa flutuação foi rápida, 15 minutos, devido ao grande número de visitantes. Os organizadores e guias só permitem grupo de 10 a 12 pessoas. O lugar é simplesmente incrível, razão pela qual recomendamos. Às 13:30h retornamos a Lençóis para fazer o derradeiro passeio do dia.

*PARQUE MUNICIPAL DO SERRANO

Localizado a poucos metros do centro de Lençóis, o Parque Municipal do Serrano possui uma grande variedade de rochas, rio, poços (caldeirões), cachoeiras, os quais nos proporcionam banhos revigorantes depois de um dia cheio de trilhas e desafios pela chapada.

A primeira atração são os caldeirões, que consistem em formações circulares nas rochosas criadoras de piscinas naturais. Aqui, nesse lugar mágico de Lençóis, tomamos banho curtindo uma verdadeira hidromassagem natural.

  

Depois, seguimos em frente e encontramos o Salão de Areias Coloridas, que fica a 500 m dos caldeirões. As areias, todavia, devido à depredação do local, não são mais tão coloridas, pois percebemos que há muitas areias misturadas no chão e, quando raspamos um pouco das rochas, cada uma delas possui cor diferente. Não obstante, se você for lá aproveite e faça uma pintura no rosto.

O local é composto por rochas gigantes agrupadas num único local, formando salões e túneis. Andamos por mais aproximadamente 600m chegamos à Cachoeirinha, onde fizemos uma parada e, como já era finalzinho da tarde, retornamos a cidade. À noite, fomos jantar no Restaurante da Suzi, na Rua das Pedras, local onde encontramos uma cozinha variada,  com pratos individuais bem servidos e com bom preço.

6º DIA

Após café da manhã, às 8 horas, retornamos para nossas casas.

*O QUE NÃO PODE FALTAR: tênis, casaco, roupa leve e esportiva, chinelo, chapéu ou boné, roupa de banho, toalha, protetor solar, repelente, garrafa para água, mochila, cajado para trilhas íngremes e muita disposição. A aventura é sensacional!!!

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Eu Fui e Recomendo - Abril de 2014